tag:blogger.com,1999:blog-69943382024-03-13T12:52:49.447-03:00CoprolaliaÉ a tendência involuntária de proferir palavras obscenas ou fazer comentários geralmente considerados socialmente depreciativos e, portanto, inadequados.Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.comBlogger60125tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-5704829199214940052010-10-15T23:47:00.006-03:002010-10-25T11:02:23.533-02:00sesenta y nueve díasArturo! Arturo! coño...<br /><br />me escuchas, Guzmán?<br /><br />Que ha pasado? No puedo ver nada...<br /><br />la mina se derrumbó!<br /><br />Pero ahora que hacemos?<br /><br />Y que sé yo?<br /><br />tengo miedo, Arturo...<br /><br />Deja de mariconices, Guzmán, ya te lo dice...<br /><br />Pero no veo nada Arturo (snif...)<br /><br />CARAJO, GUZMÁN! que quieres que haga yo?<br /><br />No sé, no sé (snif...)<br /><br />...<br /><br />Mira, Guzmán, camina despacio con las manos pa'delante hasta que llegue a la pared...<br /><br />Pero como quieres que camine si no pue...<br /><br />HIJOPUTA! Camina y yá está! Cuando llegue a la pared, tu podrás tantear hasta que encuentres el botón de emergencia.<br /><br />Y porque tu no lo haces?<br /><br />Ya que piensas que estoy haciendo, comemierda? Deja de tontería y busca el botón...<br /><br />Pero y si me salta una araña?<br /><br />ME CAGO SI TE SALTA UNA ARAÑA O UN COÑO DE UN ELEFANTE! BUSCA EL BOTÓN!<br /><br />...<br /><br />(snif)<br /><br /> Y deja de llorar que tu eres minero!<br /><br />Señores, por favor...<br /><br />Tu sabes bien que quisieras ser diseñador de moda, papi fué quien no me...<br /><br />ARTURO! TE CALLAS AHORA O CUANDO PUEDA VERTE TE PARTO LA CARA!<br /><br />Señores, cálmense!<br /><br />Bueno, hazlo y le cuento todo a papi...<br /><br />Eres un maricón, siempre lo supe!<br /><br />Me dá igual lo que crees de mi, Guzmán! Nunca apoyaste mis sueños...<br /><br />Señores, por favor, no es hora para eso!<br /><br />Te lo voy a decir sólo una vez, Guzmán, no sé cuanto tiempo nos vamos a quedar aquí abajo, pero, si no te callas ahora, te pongo a dormir con el boliviano!<br /><br />No, el boliviano no! Sabes que a mí no me gusta ese tipo de gente....<br /><br />...<br /><br /><span id="result_box" class="short_text" lang="es"><span style="" title="">Y te molestaría decirme cuál es tu problema con los Bolivianos?</span></span><br /><br />...<br /><br />Bien hecho, Guzmán! Ahora estamos una mina derrumbada, en el oscuro, con un maricón y un boliviano ultrajado. Mira que bueno...<br /><br />YO NO SOY MARICÓN, ARTURO!<br /><br />Y yo no soy Boliviano, sólo quisiera saber como un tipo como ese pueda tener tanto prejuicios...<br /><br />Y que quieres decir con un tipo como ese?<br /><br />Un tipo como...bueno, tu lo sabes...<br /><br />Maricón, es lo que quiere decir él...<br /><br />Me dá ab-so-lu-ta-men-te igual lo que me crees, Arturo.<br /><br />Miren, hombres, encontré el botón!!<br /><br />...<br /><br />Amigo, por favor, póngase sus pantalones...<br /><br />Es que hace muchisimo calor...<br /><br />CARAJO, GUZMÁN!Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-2622108472921005472010-03-01T18:28:00.005-03:002010-03-19T02:08:06.897-03:00Jogo da vida<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrUPTmsiznL-t5fKw6Ta91lI-alkJBWogs-dIMhjhkE6-LrufHc7NK-IOGuoQYKZjeXNGSkIMogr8EHdpmcjkNr5df5oim_uHSC9eaxZazPDDk15bg8bgFvHXHxiTBosLaZ1du/s1600-h/jogo+da+vida.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 299px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrUPTmsiznL-t5fKw6Ta91lI-alkJBWogs-dIMhjhkE6-LrufHc7NK-IOGuoQYKZjeXNGSkIMogr8EHdpmcjkNr5df5oim_uHSC9eaxZazPDDk15bg8bgFvHXHxiTBosLaZ1du/s400/jogo+da+vida.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5450204711689409858" border="0" /></a><br /><br />nascer,<br />chorar,<br />ser batizado,<br />comer,<br />chorar,<br />dormir,<br />crescer,<br />comer,<br />ir à escola,<br />duvidar de tudo o que qualquer pessoa com mais de 1,60m disser a você porque essa pessoa será um adulto e você nunca será um adulto porque adultos só pensam em regras e no que está certo ou errado enquanto deveriam estar mais preocupado com a quantidade de tatus-bola embaixo da pedra do jardim da escola,<br />crescer,<br />correr,<br />descobrir,<br />revoltar-se,<br />querer,<br />comprar,<br />estudar,<br />esquecer de tudo o que você gostará de verdade e escolher uma profissão cujo vestibular será fácil o suficiente para conseguir entrar e difícil o suficiente para garantir que você não será ridicularizado por seus amigos de cursinho, numa área que trará dinheiro, estabilidade e que estará o mais longe possível de qualquer aplicação prática da trigonometria,<br />estudar,<br />fazer sexo,<br />conhecer,<br />beber,<br />trabalhar,<br />viajar,<br />experimentar,<br />alterar a consciência,<br />namorar,<br />terminar o namoro,<br />namorar outra,<br />escolher um carro preto com engate e vidros escuros que você poderá pagar em suaves prestações mais a entrada que você guardará do seu estágio para tirar você do inferno do transporte público e colocar você no inferno do transporte privado e que não se desvalorizará muito no momento de trocar por um outro carro preto,<br />se formar,<br />trabalhar,<br />casar,<br />financiar uma casa,<br />trabalhar,<br />ser promovido,<br />trocar de carro,<br />esquecer a idéia de abandonar sua esposa porque, afinal, vocês já estarão juntos há muito tempo, farão sexo 2 ou 3 vezes por semana e ela tolerará que você jogue bola às terças e tome cerveja às quintas, enquanto você imaginará que ela esteja tomando margaritas com as amigas mas no fundo saberá que ela está neste exato momento cobiçando algum outro homem que bem poderá ser um dos que joga bola com você na terça à noite, o que o levará à atormentante dúvida que é saber se ela tomará coragem e irá trepar com o desconhecido, dúvida a qual, considerando que possivelmente ela será mulher tanto quanto você será homem, já tem resposta pronta,<br />ter um filho,<br />esquecer de como você era há 30 anos,<br />trabalhar,<br />ter outro filho,<br />trocar de casa,<br />trabalhar,<br />escolher o melhor plano de previdência privada tentando não boicotar financeiramente aquela viagem pra Fiji que você prometerá a si mesmo há 15 anos, afinal, já estará na hora de pensar um pouco em você, embora sua esposa diga que é hora de pensar no futuro da família já que estudo de qualidade é caro e as crianças precisarão estar preparadas,<br />trabalhar,<br />engolir à seco,<br />ser promovido,<br />comprar uma casa na praia,<br />trabalhar,<br />ganhar uma placa de metal com seu nome escrito em letra cursiva embalada numa caixa de veludo azul com fecho dourado e o direito a escolher um prêmio do catálogo de presentes do RH dentre os quais você acabará escolhendo o binóculo enxergando nele a secreta possibilidade de transgredir as regras de convivência do seu condomínio discutidas e estabelecidas na terça-feira durante a última assembléia geral na qual você e seu voto vencido estiveram presentes,<br />aposentar-se,<br />ler o jornal,<br />assistir o jornal,<br />ouvir o jornal,<br />entediar-se,<br />escolher um hobby relativamente caro que despertará o sentimento de que os anos trabalhados finalmente valeram a pena e que resgatará minimamente a lembrança das escolhas que você não fez décadas atrás mas que ao mesmo tempo não trará estas lembranças tão forte a ponto de você se arrepender de não ter escolhido diferente,<br />arrepender-se,<br />entediar-se,<br />ter um neto,<br />ao vê-lo, lembrar de como você era há 60 anos e verá que seu filho se tornou um adulto de merda e entenderá que a culpa foi sua pois você, outro adulto de merda, criou seu filho com os mesmos medos que seu pai criou você, então você usará os momentos que terá com seu neto para fazê-lo enxergar que ele poderá fazer diferente, desgastando assim a relação com o adulto do seu filho,<br />caminhar com dificuldade,<br />entediar-se,<br />ler o jornal com dificuldade,<br />não poder mais ouvir o jornal,<br />adoecer,<br />no último minuto você sentirá o último minuto chegando e se verá obrigado a fazer uma retrospectiva, tão pretensa e falsamente poética quanto possível, de todos os momentos da sua vida e filosofar como cada escolha diferente poderia ter alterado tudo para o bem ou para o mal, quando você finalmente perceberá que não tem essa de bem ou mal, as coisas simplesmente aconteceram e no último segundo você terá alguma rápida revelação que supostamente esclarecerá toda a trajetória da sua vida, contanto que neste segundo derradeiro você esteja atento aos seus pensamentos e não pensando porque a televisão do quarto do hospital está passando um programa de culinária,<br />morrer.Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-19474111220157799072010-02-06T14:42:00.018-02:002010-02-08T14:54:26.828-02:00Só os rock stars são felizesRadiohead, Stones, Nine Inch Nails, Kiss, Jane's Addiciton, Nação Zumbi, Kings of Leon, Ultraje, Strokes, Chuck Berry, Smashing Pumpkins, Deep Purple, Motorhead, Green Day, Pato Fu, Slayer, Pearl Jam, Beck, Misfits, Planet Hemp, Sepultura, Oasis, Guns, Iron Maiden, Queens of the Stone Age, Chilli Peppers, Mutantes, Offspring, Ozzy, Dio, Judas Priest, Bad Religion e outras bandas que vi não compensam as que ainda não vi e muito menos as que nunca verei.<br /><br />Hoje escuto também outros sons que, ao vivo, pouco tem a ver com um show de rock. E o fato de eu ter aberto os ouvidos (e, por pura matemática, esteja escutando um pouco menos de rock hoje em dia) faz dos shows algo ainda mais genial pra mim, já que adicionou um saudosismo à receita.<br /><br />Nos últimos 3 meses, 3 grandes show: Faith No More, AC/DC e Metallica. Cada ingresso foi parar na lata de Chivas 12, ao lado dos trocentos outros desde o primeiro, Bush, em 1997. Se eu fosse alguns anos mais velho (ou começasse no rock mais cedo), teria pego a era dos festivais no Brasil, Monsters, Free Jazz. Como não deu, corro atrás do prejuízo.<br /><br />Um bom show de rock tem uma série de rituais a serem cumpridos. Começa dias antes, ouvindo de novo tudo o que presta da banda (e, às vezes, também o que não presta, pra ver se bate melhor nos ouvidos), acompanhar o set list dos outros shows da turnê, a infernal saga pelo ingresso, combinar com os amigos, por aí vai.<br /><br />Até que o dia chega e ele começa como outro qualquer, você acorda (nota: o bom show de rock é no fim de semana), lê o jornal ou toma café como em qualquer outro fim de semana. Nem escutar a banda muda o clima comum do dia, já que você fez isso milhões de outras vezes. A coisa só muda quando você pisa na rua em direção ao show e vê a primeiro camiseta da banda, o primeiro carro passando com o som no talo, aí então você sabe o que está por vir.<br /><br />A agonia de quem não tem ingresso provocada por quem tem pra vender faz você bater a mão no bolso. A última cerveja na porta. Na fila, o ingresso apertado na mão. A passagem do som. Milhares de desconhecidos reunidos por algo que outros milhares ou milhões nunca vão entender.<br /><br />Chega o momento em que as luzes se apagam e o mundo explode. E você volta a ter 17 anos no Black Jack, subindo pelas paredes ao som de algum cover do Pantera, tomando pinga no gargalo e procurando qualquer chance de desafiar a autoridade vigente.<br /><br />2 ou 3 horas depois o show acaba. Você está toneladas mais leve, em paz e naquele cansaço feliz que só o sexo é também capaz de oferecer. Como depois de um bom filme, você não tem pressa de ir. E o cansaço é só uma desculpa. No fundo, quanto mais tempo você fica ali, menos passa na letargia do lado de lá dos portões. O que você quer é que as luzes se apaguem de novo e a banda volte com outra marretada na sua cabeça, outra descarga cavalar de adrenalina temperada com toques de catarse coletiva.<br /><br />Como numa grande ressaca de qualquer coisa boa, seu organismo acusa o fim do estoque de endorfina. Você então devora um xis salada ou toma outras para repôr as reservas enquanto discute a utopia do set list perfeito.<br /><br />Mas pouco importa se a endorfina foi a zero ou se você abriria o show com outra música. Você não tem mais 17, talvez não beba mais pinga no gargalo e o impulso de desafiar a autoridade está amansado. Mas, vez ou outra, você pode ser um rock star.<br /><br /><object width="480" height="295"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/v4b3MBkOx5k&hl=pt_BR&fs=1&rel=0"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/v4b3MBkOx5k&hl=pt_BR&fs=1&rel=0" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="295"></embed></object>Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-89059846905447681182009-10-18T13:22:00.015-02:002009-10-18T13:41:06.428-02:00Posfácio para um livro sobre o sertãoA beleza é condição que existe por si própria, não requer água tampouco sombra. De outro modo, jamais brotaria no sertão. Entre espinhos e galhos retorcidos, é possível deparar-se com o belo. Talvez não o belo ao qual estejamos habituados, fácil e frondoso, mas sim uma beleza seca, rija.<br /><br />Curioso é ver que, além da beleza natural, no sertão existe também outra muito mais rara, que é a humana. Como um fio d'água no leito seco lutando para correr ininterrupto, o homem segue por onde lhe permitem, moldado por uma terra que o repele.<br /><br />A caminhada deste homem é tortuosa e incerta sob o sol duro. Mas, insistente, ele não só caminha, também vive, e deixa pegadas no solo árido.<br /><br />Apesar de tudo, o sertanejo canta, rima e versa, marcando o chão. Como se sobreviver já não fosse suficientemente belo.<br /><br /><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;">Posfácio da versão patrocinada de</span> Sertão sem fim, <span style="font-style: italic;">livro de fotos do Araquém Alcântara.</span></span>Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-78056911864739012252009-07-08T19:13:00.006-03:002009-07-08T19:31:25.948-03:00Van Damme recebe o roteiro de seu próximo filme-Toc, toc.<br /><br />-Pois não?<br /><br />-Entrega pro seu Van Damme.<br /><br />-Um minuto...<br /><br />-Sim?<br /><br />-O seu Van Damme, por favor?<br /><br />-Pode deixar comigo.<br /><br />-É que é roteiro, dona. Coisa séria, tem q assinar e tudo.<br /><br />-Ele tá no banho, rapaz. E eu não tenho o dia inteiro. Quer, quer. Não quer, não quer.<br /><br />-Tá ok, pode pelo menos assinar que nem ele?<br /><br />...<br /><br />-Obrigado hein dona!<br /><br />...<br /><br />-Jean<br /><br />-Jean!<br /><br />-JEAN!<br /><br />-Que, amor?!<br /><br />-Sai desse banho, chegou teu roteiro.<br /><br />-Tô lavando o cabelo.<br /><br />-Já ta aí há meia hora! Tá brincando de lavador de carro de novo? Já não falei pra você parar com isso, Jean?<br /><br />-Me ajuda, po. Preciso devolver logo. A coisa ta feia, não posso nem pensar em perder esse papel.<br /><br />-Também, falei pra você não se misturar com aquele Denis Rodman, só ferrou sua carreira.<br /><br />-Você falou a mesma coisa do Mickey Rourke e ele quase ganhou Oscar ano passado!<br /><br />-É, mas esse Rodman desde a época dos Pistons não me cheirav...<br /><br />-Amor! Vai ajudar ou não?<br /><br />-Tá, o que você precisar ver?<br /><br />-Preciso começar numa situação adversa, pra mostrar superação: preso, num lugar bizarro ou em coma...<br /><br />-Hum...você é engenheiro... na Rússia.<br /><br />-Tá, mas vai lendo, deve piorar.<br /><br />-Não, você parece bem feliz. Rico, bem sucedido, mulher linda, grávida.<br /><br />-Até a página 15 tem q dar merda.<br /><br />-É... na 17 ela morre, estuprada e esfaqueada.<br /><br />-Tá, coloca post it nessa.<br /><br />-Tá bom... olha, amor, piorou mais.<br /><br />-Como?<br /><br />-Você encontra o cara, mas ele é inocentado. Você o mata na frente do juiz.<br /><br />-Tendi. Agora é que eu me ferro. Pra onde me levam?<br /><br />-Sibéria.<br /><br />-Boa, continua.<br /><br />-Chega lá você cria inimizade com o chefe da máfia tentando salvar um jovem de virar noiva.<br /><br />-Péra. Que página ta?<br /><br />-45.<br /><br />-Eu já fiquei pelado?<br /><br />-Sei lá, pô.<br /><br />-Revisa, é importante. Eu tenho que ficar pelado na primeira metade.<br /><br />-Quê?<br /><br />-Fiquei pelado em Dragão Branco e estourei. Virou superstição, sem pagar uma bunda que seja não dá. Vê aí.<br /><br />-Tô achando nada...<br /><br />-Uma discussão durante o banho coletivo, um ferimento na coxa que tenho que tratar sozinho...nada?<br /><br />-Nada.<br /><br />-Então anota na capa: “falta o nu”.<br /><br />...<br /><br />-Me passa a toalha.<br /><br />-Quê?<br /><br />-A toalha de banho. Continua.<br /><br />-Tá. Briga com o chefe da máfia, 30 dias na solitária lembrando da mulher morta... Deixa eu ver, tenta se matar e não consegue.<br /><br />-Ok, fundo do poço. Coloca post it. Página?<br /><br />-67.<br /><br />-Tá indo bem, mas agora tem q começar a redenção senão ninguém güenta.<br /><br />-Vamos ver. Amizade com um sábio cadeirante de meia idade. Ah, o jovem que você protegeu é estuprado morto pela máfia.<br /><br />-E eu juro vingança, hehe!<br /><br />-Hum...é, você jura vingança.<br /><br />...<br /><br />-Como você agüenta, cara?<br /><br />...<br /><br />-Não, sério. Como você agüenta?<br /><br />...<br /><br />-Eu choro todo dia no banho...<br /><br />...<br /><br />-Por isso a demora?<br /><br />...<br /><br />-Ah, querido... Vem cá.<br /><br />...<br /><br />-Mas as contas tão aí pra serem pagas não é? Então vambora, pega a cueca aí na pia.<br /><br />-Tem toda razão, amor. Olha, o cadeirante deixa escapar que pode te ajudar a fugir.<br /><br />-Querida, pode pular pro final. Essa parte é padrão. Acha a luta final com o mafioso bolado, cuja vitória estará atrelada à minha fuga.<br /><br />-Peraí.<br /><br />...<br /><br />-Aqui.<br /><br />-Deixa eu ver. 83. Dá aqui um post it.<br /><br />-Spinning kick, spinning kick slow motion, rasga a camisa, seqüência de murros na cara, chuva, spinning kick duplo, espacate com soco no saco, uso de pesos da academia para estrangulamento, quase derrota arrasadora, super close do sangue misturado com a chuva, recuperação poética, vitória épica. Tranquilo. Dá aqui a caneta pra eu vistar.<br /><br />-Querida?<br /><br />-Oi, amor...<br /><br />-Você viu meu cortador de unha?Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-17348840299739752482009-05-22T17:15:00.001-03:002010-03-19T02:10:38.299-03:00A tecnologia é o cão<div align="justify">Eu poderia ser um analfabeto digital. Está nos meus genes sê-lo. Era só não fazer nada pra evitar e pronto, instalaria-se o analfabetismo. Não fosse o desejo de não passar por idiota perante tecnocratas de nariz empinado, hoje em dia eu não saberia a diferença entre um mp3 e um jpeg.<br /><br />Fato é que, vez ou outra, me aventuro nos meios digitais e venço. Como quando aprendi a inserir widgets no meu igoogle e ler blogs usando RSS (não, este post não é de 2006. Como eu disse, é difícil ir contra os genes). O caso é que, em muitas dessas incursões, o anonimato proporcionado pelas novas mídias me deixa atônito com seu potencial libertador. E é aí que a laje racha.<br /><br />Outro dia, estava eu esperando o Terminal Bandeira no primeiro ponto da Santo Amaro enquanto escutava ‘Sala dos Professores’ na Eldorado FM. Durante um scat da Ella, recebo a seguinte oferenda:<br /><em><br />Would you like to receive data from Pedófilo chupador?<br /><br /></em>Fiquei alguns segundos olhando para aquela mensagem no meu LCD, foram momentos de pura reflexão. Me passou pela cabeça uma série de questionamentos sobre a pós-humanidade e o eu-digital. Imaginei o que pensaria o inventor do celular neste momento. Pior, o que pensaria o velho Bell? Teria ele a mesma crise de consciência de Dumont ao ver os aviões usados como arma de destruição em massa? Ficaria ele louco e morreria preso numa camisa de força como o piloto do Enola Gay?<br /><br />Não havia ninguém a culpar a não ser a tecnologia. Pedófilos chupadores sempre existiram e existirão. Mas acho difícil acreditar que, antes da invenção de emails e celulares, seres dessa estirpe saíam por aí compartilhando seu conteúdo:</div><div align="justify"></div><br /><br /><div align="justify"><em>- Olá</em></div><br /><div align="justify"><em>- Pois não?</em></div><br /><div align="justify"><em>- É o seguinte, sou um pedófilo chupador amador e tenho fotos e vídeos de meninos sendo sodomizados por mim e meus amigos. Interessa?</em></div><br /><div align="justify"><em>- Não, obrigado.</em></div><br /><div align="justify"><em>- Um pouco de necrofilia, talvez? Um presuntinho fresco?</em></div><br /><div align="justify"><em>- Não, não...não me interesso pelo tema.</em></div><br /><div align="justify"><em>- Ah, ok. Obrigado pelo seu tempo. Só mais uma coisa, aqui passa o Terminal Bandeira?</em></div><br /><div align="justify"><em>- Passa sim, tenha um bom dia!</em> </div><div align="justify"><br /><br />Cortei minha viagem reflexiva ao perceber que o <em>YES NO</em> ainda estavam na minha tela. Antes de dar espaço para qualquer instinto subversivo enjaulado no meu ID, rejeitei a oferta. Era então momento de encontrar o homossexual praticante de felação em menores que deseja compartilhar de sua perversão. </div><div align="justify"></div><br /><p>A primeira aposta é, como de praxe, o auxiliar administrativo de camisa de manga curta e óculos de grau com cara de pacato. Meio manjado. Talvez o pedreiro voltando pra casa depois da obra (que tipo de material subversivo estaria dentro daquela malinha da CVC?) O pré-adolescente (faria ele isso com um semelhante?). A velhinha? O mendigo? EU?</p><p>Não tem jeito, essa é a beleza da tecnologia. Convida a mãe joana para morar na sua casa mas ninguém sabe quem abriu a porta. Promove a festa do caqui no seio da família, mas não diz quem é o aniversariante. </p><p>É o fim do mundo, é o juízo final. Os 4 cavaleiros agora atendem por iphone, facebook, telemarketing e blackberry. E eles estão chegando, entre galopes e bipes, para pegar você.<br /></p><br /><div align="justify"></div>Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-7323155746227695662009-05-14T18:08:00.007-03:002009-07-10T13:24:26.418-03:00Surpreenda sua parceira<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuJ7GHzuGnoP0TxjJccXh9y8US5So50_jsQuKEhlC-oJyF4ikWD4jS5rirzJDohzZhnbrDZ25UvUHs_7_ObUrFyeAwXlowkP07q_7QBs8qJ8KK38w5EvsOu-EHYy8TtPc7wpP3/s1600-h/montagem-lugo_BMG.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5356868138989009378" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 296px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuJ7GHzuGnoP0TxjJccXh9y8US5So50_jsQuKEhlC-oJyF4ikWD4jS5rirzJDohzZhnbrDZ25UvUHs_7_ObUrFyeAwXlowkP07q_7QBs8qJ8KK38w5EvsOu-EHYy8TtPc7wpP3/s400/montagem-lugo_BMG.jpg" border="0" /></a><br /><div><a href="http://1.bp.blogspot.com/_6AjKoh9DvU0/SgyNexA7p7I/AAAAAAAAA1E/kEeBjk4p52o/s1600-h/montagem-lugo_BMG.jpg"></a><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></div><br /><div><span style="font-family:trebuchet ms;">Fernando Lugo, primeiro reprodutor formado pelo Boston Medical Group Training Camp, </span><span style="font-family:trebuchet ms;">em encontro com seus 174 filhos. </span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;"></span><br /></div><span style="font-family:trebuchet ms;"></span>Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-33289800005768367602009-04-08T17:35:00.001-03:002009-04-08T17:37:46.265-03:00Coisas que acontecem no Anhembi quando você está sem ingresso-130...<br /><br />- que isso, cara. Não dá...<br /><br />- Quanto?<br /><br />- 80...<br /><br />-Eu to comprando a 80, porra...<br /><br />- Eu tb...<br /><br />- Deixa 100 e vai pro show, caralho...<br /><br />- Não dá cara, preciso comer e voltar com esse dinheiro...<br /><br />- Deixa 90...<br /><br />-80, pô...<br /><br />(explosões e gritaria)<br /><br />- Que isso?<br /><br />- Deve ser o Doctor Sin...<br /><br /> - Deixa eu dar uma olhada no ingresso...<br /><br /><em>- You wanted the Best?</em><br /><br />- Dá 80 aqui vai, quero ir embora dessa porra!<br /><br />- Tó...<br /><br />- Deixa esses 10 tb...<br /><br />- Esse é da cerveja.<br /><br /><em>- You got the Best!</em><br /><br />- Acho que não é Doctor Sin não...<br /><br />- è nove e meia, tá tranquilo...<br /><br /><em>- The hottest band of the world...</em><br /><br />­- Caralho!<br /><br /><em>-KISS!</em><br /><br />- Corre, porra!Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-65737601973058649652008-09-04T10:28:00.002-03:002008-09-04T10:40:21.790-03:00Meio a MeioA árvore havia nascido há um bom tempo. Não foi na frente de uma casa, nem na frente da outra. Nasceu bem entre as duas. Mas não exatamente entre as duas, já que nasceu para lá do muro. Ela ficava ali, dividindo a calçada que está na frente de uma casa da que está na frente da outra. Nasceu mais ou menos na época em que comecei a trabalhar no salão.<br /><br /><br />Ninguém nunca havia dado muita atenção a ela. Como não tinha dono nem estava no terreno de ninguém, era ninguém quem cuidava da árvore. Porém, mesmo assim ela insistia. Não sabiam se era limoeiro, se era laranjeira. Era tão pouca a atenção que davam à árvore que nem era possível dizer qual o fruto que ela dava.<br /><br />Eu, que trabalho do outro lado da rua, bem de frente para a árvore, também nunca reparei muito nela. Mas já explico o motivo: se eu ficasse olhando pra árvore, o bigode do cliente sairia torto, uma costeleta sairia maior que a outra, poderia até acabar tesourando uma orelha. Aí a notícia se espalha e eu perco a clientela. Agora, o pessoal do outro lado da rua, esses nunca entendi por que não olhavam para a árvore.<br /><br />Vivia um velho em cada uma das casas. Dois velhos com muito em comum além da árvore que dividia suas calçadas. Ambos já na última idade, com pouco com que se animar e muito do que reclamar. De bom, os dois tinham pequenezas: um deles, um cão, o outro, uma neta. Além do mesmo gosto pela torta que a mãe da menina fazia. De bom também, compartilhavam o barbeiro.<br /><br />De ruim, compartilhavam um único e diametralmente oposto desgosto. Um, dos galhos à direita da árvore, que atrapalhavam a vista de sua janela. Outro, porque as folhas à esquerda caíam em sua varanda, obrigando-o a varrê-la todas as manhãs. Quando um dos dois aparecia, fosse cabelo ou barba, eu já sabia que o assunto seria um só: a árvore.<br /><br />Numa quarta-feira bem cedo, chegou a equipe da prefeitura, chamada não se sabe por quem. O velho caminhão azul estacionou exatamente na frente da árvore, dividido: cabine na frente de uma casa, caçamba na frente da outra. Percebi porque, apesar de eu já haver descido para o salão, não havia ainda barba para fazer.<br /><br /><br />Os velhos, que muito tinham em comum, olharam cada um por sua janela. Viram, como quem não vê, os galhos da árvore caindo um a um. Primeiro os da esquerda, depois os da direita. O barulho da serra não fez o cão latir nem a neta chorar. Ainda dormiam.<br /><br />Com a árvore morta e o caminhão da prefeitura longe, os dois agora compartilhavam uma dura e única calçada à frente, dividida ao meio pelo buraco que antes era árvore. Sem a árvore, o velho da casa da direita tinha vista livre para a rua. O velho da casa da esquerda tinha a varanda livre das folhas. Eu, que nada tinha contra a árvore, achei que o outro lado da rua havia ficado estranho, vazio.<br /><br />Algum tempo depois, percebi que, ao retirar-se a árvore da qual nenhum dos dois era dono, os dois velhos passaram a compartilhar muito mais que a antiga antipatia pela finada. A primeira mudança que senti foi aqui no salão, onde começaram a compartilhar o silêncio.<br /><br />Passaram a dividir também o incômodo: um por ter uma neta presa ao sofá, sem árvore para brincar. Outro por ter um cão se aliviando na parede da casa de seu dono.<br /><br /><br />Vi que compartilhavam também as cortinas da sala fechadas: o da direita por achar a rua cinza demais, o da esquerda por não precisar mais patrulhar as folhas que caíam na varanda.<br /><br /><br />Passaram a compartilhar inclusive o desejo pela antiga torta de maçã que fazia a mãe da neta, e que sempre levava um pedaço para o velho dono do cão. A maçã do supermercado tinha outro gosto, vazio como a nova calçada. A vontade da torta até eu compartilhei, pois vez ou outra recebia um agrado da confeiteira.<br /><br />Finalmente, entendi que já compartilhavam algo que surgiu no peito de cada um. Algo que às vezes era nostalgia, às vezes parecia ser angústia. Um sentimento que, se não era grande, era presente.<br /><br />Descobriram que compartilhavam uma saudade. Da árvore que, em segredo, costumavam compartilhar.<br /><br /><br /><br /><br /><em>Crônica escrita 'on demand' para concurso que certamente me presenteará com milhões de dólares, premiação esta que culminará com minha aposentadoria e subsequente sumiço da face da Terra. Adeus!</em>Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-24040631404318340672008-02-14T10:03:00.024-02:002008-09-06T12:58:03.617-03:00Pequeno excerto de processo criativo<strong>Conversa gravada a partir de escuta telefônica instalada no escritório de desenvolvimento de Hanna-Barbera em meados de 1989:</strong><br /><br /><br /><br />- huum...ahhh...alô...<br /><br />- zé*?<br /><br />- quem é?<br /><br />- fudeu zé...<br /><br />- que foi jão*?<br /><br /><br /><br />* N. do R.: os nomes reais foram substituídos por fictícios durante a tradução, para preservar a real identidade dos indivíduos envolvidos.<br /><br /><br /><br />- acorda zé, vem pro trampo!<br /><br />- não dá porra, tô doente memo, 39 de febre...<br /><br />- porra, acabei de ver aqui, o deadline pro novo personagem é hj! E a gente não tem nada...<br /><br />- mentira, é mês que vem...<br /><br />- cabei de ver, vc anotou o mês errado!!<br /><br />- jura?<br /><br />- fudeu, zé...precisamo entregar de qualquer jeito! Não dá pra perder o prazo...<br /><br />- então foda-se, vamo mandar qualquer coisa, pensa aí...<br /><br /><br />- Qualquer coisa não dá, pô...<br /><br /><br />- dá sim, não vão aprovar de qualquer jeito, depois a gente refaz...pelo menos tá no prazo<br /><br /><br />- blz, então vai...<br /><br />- time ou herói solitário?<br /><br />- time, é a nova tendência. Nem o batman que é o herói mais deprê de todos trabalha sozinho hoje em dia...<br /><br />- Tá. Humano ou não-humano?<br /><br />- humano.<br /><br />- porra, humano não, humano não dá certo...pode ver, super homem, homem aranha, tudo não-humano.<br /><br />- nem super-homem nem homem-aranha são humanos. Eles só parecem humanos, mas tem os poderes e tal. São no máximo semi-humanos....<br /><br />- Beleza então, porra...semi-humanos.<br /><br />- Quantos?<br /><br />- Dupla, tradicional e eficaz...<br /><br />- Pára com isso, zé...<br /><br />- Oque?<br /><br />- 'Tradicional e eficaz' o caralho...<br /><br />- Não dá tempo, porra...tem que pensar no que for mais certeza. Não esquece que tem que mandar os roughs depois.<br /><br />- blz...<br /><br />- Vamo lá, homem ou mulher?<br /><br />- Um de cada.<br /><br />- Boa.<br /><br />- tensão sexual ou amizade fraterna?<br /><br />- Tensão sexual, zé? É pra criança, porra! Não leu o briefing?<br /><br />- Até aí, esses desenhos é tudo cheio de putaria, olha aí esses peitos da Mulher-Maravilha....<br /><br />- Nada disso, vamo fazer com irmãos então!<br /><br />- Qual o mais velho?<br /><br />- Não interessa, porra....gêmeos!<br /><br />- Tá. Dupla, homem e mulher, humanos, gêmeos, boa!<br /><br />- semi-humanos, zé...<br /><br />- tá. Semi-humanos..<br /><br />- voam?<br /><br />- opa...<br /><br />- E o que vai fazer deles semi-humanos? Tipo, quais serão os superpoderes?<br /><br />- Guentaí, vou pegar uma água...<br /><br />- Isso, a gente fudido de prazo e vc tomando aguinha.<br /><br />- é pro remédio.<br /><br />- tá, e os poderes?<br /><br />- água...<br /><br />- água o que?<br /><br />- água pô, o poder é mexer com a água, tipo o que o aquaman faz com os peixes, mas com água.<br /><br />- dá onde vc tirou essa merda?<br /><br />- pensei enquanto tomava o remédio. chama brainstorming...<br /><br />- que bosta, péssimo.<br /><br />- não, deixa assim, água... o cara faz gelo, chuva, neve, vapor, o caralho a quatro a partir da água, cê vai ver...<br /><br />- e a mina?<br /><br />- sei lá, faz o contrário...<br /><br />- contrário do q? dá água?<br /><br />- é, fogo...<br /><br />- nossa, genial, inovador...vc tá querendo oq com isso? ser demitido, burrão?<br /><br /><p>- Há! boa...</p><p>- oq? </p><p>- o outro poder é com animais!</p><p>- e pq?</p><p>- burrão...</p><p>-...</p><p>- é brainstorming...</p><p>- vc tá todo esperto né? mas e o aquaman?</p><p>- q q tem ele?</p><p>- já controla os animais...</p><p>- só os peixes, ai nao conta.</p><p>- entao a mina controla todos os animais?</p><p>- É...</p><p>- Tá. E o uniforme?</p><p>- cê tá online?</p><p>- tô...</p><p>- poe hero e color no google images, conta as imagens pela sua idade e vê o que dá. Chama pesquisa de mercado...</p><p>- péra...saiu aqui um cara roxo...</p><p>- então é isso mesmo...</p><p>- agora hero costume com a minha idade, 35...</p><p>- 35? cê tá acabado heim?...perae...um colant gay.</p><p>- beleza...</p><p>- agora fashion hair com a idade do adolfo, 8</p><p>- adolfo?</p><p>- é, meu beagle.</p><p>- bixa...saiu aqui um moreno, cabelo curto, franjinha emo.</p><p>- é isso...</p><p>- algo mais?</p><p>- vamo ver...dupla de gêmeos, homem e mulher, colant roxo, morenos franja emo, um controla formas de água, outro controla animais, voam...já era!</p><p>- agora nome.</p><p>- ...</p><p>- Gêmeos...especiais!</p><p>- ...</p><p>- Gêmeos...heróis!</p><p>- ...</p><p>- Gêmeos...super!</p><p>- ...</p><p>- Super gêmeos!</p><p>- ...</p><p>- fechô, bora...</p><p>- copia, cola no template pra novos personagens e manda!</p><p>- Boa, tamo no prazo...</p><p>- bl, cê vem amanha?</p><p>- num sei, vamo vê...</p><p>- té mais então, melhoras heim?</p><p>- Valeu...</p><p>- abraço!</p><p></p><p>_____________________</p><p></p><p>- Alô, </p><p>- fala...</p><p>- Já mandou?</p><p>- Quase...</p><p>- tava pensando, acho que vai bem um macaco como mascote, com capa voadora e máscara igual a do zorro...</p><p>- é memo?</p><p>- ... opa...</p><p>- boa...</p><p>- ...</p><p>- mandei...</p><p>- abs.</p><p>- falou, melhoras ai heim?</p>- pódexa...<br /><p><br /></p>Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-14047093225769770632008-02-01T10:05:00.000-02:002008-02-01T19:06:36.570-02:00Hoje tem conspiração? Tem sim senhor!<strong>Máfia circense Russa pode estar envolvida na morte de Beto Carreiro.</strong><br /><br />O parque temático mais visitado da América Latina, o Beto Carrero World, perdeu recentemente seu idealizador e fundador, João Batista Sérgio Murad. João Batista, alcunhado Beto Carrero em 1991 na ocasião da inauguração do selvagem parque, já trabalhava no showbizz rural desde a década de 60 promovendo rodeios no interior de São Paulo.<br /><br />A causa da morte, ainda não confirmada pelos médicos, foi apontada como sendo falência coronariana durante uma cirurgia de rotina. Entretanto, Luis César Praxedes, titular da 4ª Delegacia Seccional de São José do Rio Preto discorda: “Há indícios de que a máfia Russa teria grande interesse na morte de Beto. Inclusive, dois membros de circos rivais do Mundo Mágico, Ivan Vostok e Pavel Stankowich foram vistos na cidade dias antes da ocorrência". Luis César afirma ainda que exames toxicológicos apontarão a real causa mortis do artista. O laudo deverá sair em 15 dias, tempo recorde em pleno recesso carnavalesco, pois, de acordo com o Delegado 'mesmo em época de terecoteco, não pouparemos esforços para resolver este crime hediondo."<br /><br />De acordo com as investigações, a morte de Beto faria com que o controle do parque passasse para a mão de acionistas, cujos principais players têm ligações com a máfia Russa, como foi apontado aqui, há alguns meses. A migração do controle viria em boa hora, já que o parque estaria fechando acordo com empresários chineses e mongóis para adquirir o passe de jovens talentos regionais, com a promessa de desenvolvê-los nos modernos centros de treinamento do parque.<br /><br /><br /><strong>A máfia russa no mercado circense<br /></strong><br />É latente a presença da máfia russa no negócio circense no Brasil. Por debaixo das lonas, petrodólares do maganata Boris Berezovsky (o mesmo por trás da novela Corinthians-MSI) são usados para subornar fiscais do Ibama, que fazem vista grossa ao uso de animais silvestres nas apresentações. Além disso, os agentes da máfia compram fiscais do CONTRU, conseguindo assim alvará para armar os espetáculos em áreas proibidas.<br /><br />A organização criminosa, que chegou clandestinamente ao Brasil em 1908 no navio japonês Kasato Maru, começou a atuar no tráfico de vodka e outros derivados de batata. Na década de 70, despontou no mercado circense na medida em que a comunidade cigana migrava para atividades como o malabarismo de farol e truquetes de apostas nas ruas dos grandes centros brasileiros. Atualmente, estima-se que 90% dos circos brasileiros são controlados pelos russos. Entretanto, é a primeira vez que o clã Vostok-Stankowich se vê envolvido com acusações de assassinato.<br /><br /><br /><strong>Beto Carrero, o grande ícone circense da América Latina<br /></strong><br />O caso entra mais ainda em evidência quando a vítima em questão é Beto Carrero, apontado recentemente em lista da Forbes como o quarto mais bem-sucedido proprietário de parque temático no mundo. Uma declaração dada por Walt Disney no coquetel de lançamento do parque, em 1991, dá o verdadeiro peso do nome Beto Carrero World no mercado do entretenimento temático: "He is gonna be among the greatest very soon, Beto is a genuine entertainer."<br /><br />Além de idealizador e administrador do parque, Beto Carrero era representante de peões brasileiros em rodeios nos Estados Unidos, sócios de uma cadeia de churrascarias com presença internacional e agente beneficente na comunidade carente de São José do Rio Preto. A ong 'Desenvolvimento a galope' gerida com fundos do próprio artista, garante estudo e alimentação a mais de 500 crianças no interior da cidade, além de incentivar a arte circense entre os jovens.<br /><br /><br />Aos 70 anos, no auge de seu vigor, esta estrela nacional pode ter tido sua trajetória interrompida pela ganância e deslealdade dos russos. Não é mais tão mágico o mágico mundo de Beto Carrero.<br /><br /><br /><span style="font-size:85%;">Por Zé Almeida, para o 'Em busca da verdade'.</span><br /></span><em></em><br /><br /><em></em>Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com30tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-89351911210763534672008-01-22T10:30:00.001-02:002012-02-02T01:34:31.233-02:00Ana Rosa<div>Te ofereci Luz e Liberdade<br />Mas me trocaste por Deodoro<br />Fiquei mal, perdi a Saúde<br />Pois sabes o quanto te adoro<br /><br />Saí das Clínicas renovado<br />Pois Guilhermina me deu confiança<br />Em meu Carrão, à meu lado<br />Me devolveu a Esperança<br /><br />Mas somente para perdê-la<br />E me desiludir de vez do mundo<br />Quando a vi envolta em braços<br />de outro homem, Pedro 2º<br /><br />Nada mais me conforta<br />Nenhum céu de Brigadeiro<br />Antes de Judas, Joaquim e Paulo<br />Quis dela ser último e primeiro<br /><br />Fui então até Belém<br />E busquei Consolação<br />Oro até hoje a São Bento<br />Pois encontrei a Conceição</div><br /><div></div><div>Hoje vivo Paraíso</div><div>nem preciso do verão</div><div>Outono, inverno ou Jabaquara</div><div>sorrio em qualquer estação</div>Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-53915624227452815922008-01-04T16:14:00.001-02:002009-08-18T16:57:28.366-03:00Lei municipal acaba com lendas urbanas paulistanas<div align="justify">Câmara Municipal de SP revoga lei que impedia anões de morrerem e acaba trazendo à tona outra questão mitológica da capital. </div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><br />A Câmara dos Deputados de São Paulo aprovou hoje lei que regulamenta os processos mortuários para portadores de nanismo no município de São Paulo. A partir de 15 de fevereiro de 2008, os mais de 150.000 anões residentes na capital estão autorizados a falecer, sofrer morte cerebral e outros infortúnios comuns ao resto da população. Às suas famílias fica reservado o direito de exercer práticas religiosas comuns em caso de morte, como velório, enterro, cremação, entre outros.<br /><br /><br />A lei que permite a morte dos anões foi criada pelo Deputado, cantor e anão Nelson Ned. Segundo ele, “a classe anã já estava cansada de não morrer e agora ganhou um direito constitucional já garantido ao resto da população mundial há milênios”. A proibição da morte para anões foi uma das primeiras leis aprovadas pela Câmara dos Deputados, em 1935. Além de regulamentar o falecimento desta parcela da população, especialistas apontam que com a nova lei outro problema da esfera da saúde pública também chegará perto de solução: a inexistência de filhotes de pomba na capital paulista.<br /><br /><br />Para Antônio Gouveia de Castro, titular da cadeira de Biologia Mutante da Universidade de São Paulo, indivíduos portadores de nanismo que atingem idade avançada sofrem uma espécie de metamorfose gradual, se transformando em pomba ao final do ciclo, “uma espécie de evolução da espécie”, segundo o Professor. Esta espécie de mutação é o que, ainda de acordo com o catedrático, explica a inexistência de filhotes da columba lívia (o nome científico da pomba) próximo aos centros urbanos. Esse fenômeno ocorre por que as pombas oriundas da mutação nanística são mais resistentes que as convencionais, que são eliminadas num processo de canibalização pombal.<br /><br />Neste momento, lobistas da Associação Brasileira de Funerárias, grupos protetores de pombas e da OAB (Ordem dos Anões do Brasil) reúnem-se para discutir a nova lei, que ainda depende da sanção do prefeito Gilberto Kassab.</div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">Por um não-jornalista, baseado num não-fato, direto da não-redação.</div>Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-28331361923100012452007-11-26T12:51:00.001-02:002009-07-10T13:32:18.277-03:00O som do novoCaros,<br /><br />Depois de muito sofrer, está no ar 'O som do novo', o ultimate guia para apreciação da música eletrônica. Ele pretende ajudar o cara que gosta de música convencional a entender também a eletrônica. Além do pdf, não esqueça de baixar também as músicas. Pegue tudo<strong> </strong><a href="http://www.4shared.com/account/dir/4746619/41f63263/sharing.html?rnd=61"><strong>aqui</strong></a><em>.<br /></em><br />A apresentação vai rolar na ECA, sexta-feira dia 7/12, às 20h30. Compareça e depois me paguem uma breja.<br /><br />Comentários, aqui ou ao vivo, são mais que bem-vindos.<br /><br />Abraços!Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-46564916982127644742007-11-09T12:09:00.001-02:002009-08-18T16:58:54.385-03:00A vida por uma Carl ZeissEstou ficando velho. E como todo velho, estou me tornando especialista em reclamar. Às vezes tenho medo do velho que serei daqui a uns 50 anos, quando for velho de verdade. Talvez me torne insuportável para a sociedade e seja obrigado viver numa chácara rodeado apenas de cachorros, reclamando de latidos o dia inteiro. Ou talvez eu me torne um daqueles ‘loucos da sucata’ que saem no jornal às vezes quando a vigilância sanitária encontra carros antigos, sofás velhos, ratos, sacos de lixo do vizinho e outras toneladas de entulho em seu quintal, exalando pestilência bairro afora. De qualquer maneira, uma das minhas diversões atuais é reclamar.<br /><br />Hoje meu alvo é você, com seu celular biônico ou câmera de 18 megapixels, que insiste, como uma horda de chineses no Louvre, em tirar foto e filmar todo e qualquer evento que participe. O que você quer com isso? Fazer um backup de tudo que já viu de interessante na vida? Provar para seus amigos no orkut que você foi naquele show ou naquele jogo? Não te entendo...<br /><br />Resolvi levar minha ira à tela deste blog depois de ter ido ao show de Chemical Brothers, anteontem (para provar tenho o ingresso e 4 testemunhas). Além da música , as grandes atrações do show foram um telão enorme de absurda resolução, que passava projeções muito bem criadas e o jogo de luz, com canhões a laser e outras parafernálias. Todos os aparatos, somados à música, formou um show audiovisual dos melhores. Som e luz trabalhando juntos para deixar o povo louco por 1 hora e meia.<br /><br />Mas muita gente não viu isso. Muitos preferiram registrar o telão com suas cybershots, em gravações tremidas, sem foco, sem luz, sem som, sem nada. Um grupo passou mais de 15 minutos tentando tirar uma foto deles com o palco ao fundo...colocavam flash e o rosto explodia em branco. Não colocavam, tudo tremia e nada aparecia além do telão. Depois de muito tempo, conseguiram uma foto sofrível para o orkut, em troca perderam irrecuperáveis 15 minutos da apresentação que pagaram e esperaram tanto pra ver. <br /><br />Bom, na verdade, os 15 minutos podem sim serem recuperados. É só acessar o utube, onde, por sorte, estará a gravação deste mesmo show, se alguém mais tiver também perdido a apresentação para filmá-la.<br /><br />É isso o que acontece hoje em dia: perdemos os shows, os jogos, os filmes, as peças (a vida?) para que possamos registrá-los para assistir depois. Ou pior, às vezes só para mostrar que fomos. Trocamos o ao vivo, o real, a experiência pelo estático, o gravado, o falso.<br /><br />É mais importante ter registrado na câmera do que na cabeça. Já não basta assistir tv em casa. A moda é levar a tv pra rua, e empobrecer tudo o que podemos sentir ao vivo, enquadrando as experiências num lcd de 5 polegadas.<br /><br />Minhas recordações de shows estão numa caixa de uísque. São restos de ingressos, que se despedaçaram dentro dos bolsos durante cada música. E eles têm cheiro, som e cor.<br /><br />Não esperava ficar velho aos 24.Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-12414553180448839702007-09-10T11:07:00.001-03:002009-07-10T13:33:18.046-03:00♫Barulhos de louça, risadas abafadas, arrastar de cadeiras.<br /><br />Tudo era negro quando o rapaz surgiu em meio à fumaça dos charutos. Trazia uma cadeira, que colocou no centro do palco vazio, em cima da marca de giz. A larga peça de madeira causava estranheza à pequena platéia, ao contrastar com o metal reluzente da bateria e com a robustez do contrabaixo encostado na parede, dando de costas para mim. Aquela cadeira, sisuda e firme, sozinha.<br /><br />Passos secos na madeira do palco. Em silêncio um negro alto e magro de camisa branca, colete e boina marrom, caminha em direção ao contrabaixo e o agarra, colocando-se em posição de combate. Dois senhores de terno cinza, com não mais de um metro e setenta entram logo atrás, seguidos pelo persistente barulho dos sapatos na madeira seca, empunhando o primeiro um trompete e o segundo um sax alto. O que tinham de pouca altura compensavam em estilo, o corte perfeito dos ternos. O reflexo do lustre de teto na polidez do sax estoura nos olhos por um instante. Sentam-se em bancos altos e olham para o nada, com seus instrumentos repousando no colo. O mais baixo deles, no sax, mexe a língua dentro da boca incessantemente.<br /><br />Do outro lado do pequeno palco em silêncio, com baquetas na mão esquerda e uma toalha branca na direita, entra um jovem branco, goma no topete, sapatos bicolores. Arremessa-se um assovio curto. Senta-se à bateria, olha para baixo, para cima e toca, pausadamente, todos os dois pratos, a caixa e o ton com as mãos. Move a antiga banqueta em uma posição acima e aguarda, olhando para o baixista, ambos imóveis.<br /><br />A cadeira no centro do palco ainda vazia, cada vez mais vazia. Uma mudança de sombra na fumaça dos charutos revela, atrás dos sopros, um piano pequeno e negro. À frente dele, sentado ali não se sabe desde quando, um rapaz de óculos e cabelo crespo, pequeno e negro. Terno escuro maior do que deveria.<br /><br />O único som da casa vinha dos 2 ventiladores de teto, que, quase parados, faziam ruído a cada giro, ao puxar o parafuso espanado na madeira podre do teto. De barulho, era tudo. O que mais havia era visual, olfativo ou tátil. A banda imóvel, seus instrumentos mudos, a fumaça dos charutos, a goma no topete, a língua incansável, o cheiro de uísque barato na madeira úmida, os sapatos bicolores, o corte perfeito do terno, o reflexo do sax alto, os fiapos do veludo da boina marrom.<br /><br />Silêncio.<br /><br />Espera.<br /><br />O filamento incandesce devagar e a luz amarela vem do teto, forte, iluminando a madeira da cadeira vazia. E dando cor à fumaça dos charutos.<br /><br />Ela entra, já senhora e obesa, caminhando devagar e rangendo as tábuas, com alguma dificuldade, envolvida pelo vestido azul, longo e brilhante e se senta pesadamente na cadeira.<br /><br />Palmas, assovios, batidas de pé no assoalho e risadas inflam o pequeno clube até que o mesmo garoto do começo, o da cadeira, vem e lhe entrega o microfone, fazendo o silêncio voltar.<br /><br />Uísque caindo no copo.<br />Charutos sendo acessos.<br /><br />Ela leva o microfone até a boca de batom escuro. Microfonia. Ela olha de lado para o garoto da cadeira, ele, nervoso, desenrola fios e mexe nos canais da caixa de som. Puxando de volta o silêncio, que apareceria pela última vez naquela noite.<br /><br />Aí então ela canta e a banda segue. E as cores, texturas, gostos e cheiros morrem.<br /><br />E ninguém nunca tinha ouvido uma voz daquelas antes.Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-77555524182272323662007-07-23T18:04:00.002-03:002009-08-18T17:00:37.927-03:00Be water, my friend.<div align="justify">Quase todo mundo tem aquela fase radical com música. </div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"></div><div align="justify">Digo quase porque tem gente que não gosta de música, mas, se você gosta, já teve sua fase. O cara é metaleiro, e, se toca algo mais leve que Cradle of Filth, já parte para a agressão. Ou então o cidadão está em sua fase eletrônica, raver, clubber e, quando fareja o menor resquício humano – seja um fio de cabelo do operário durante a prensagem do cd seja um germe do espirro do designer durante a criação do encarte – lá vem aquela cara de diarréia.<br /><br />Eu também já tive minha fase. Lembro bem de ter ido à Bahia com uns 16 anos. Sol, praia e muito axé, num palco montado na praia na frente do hotel. Duas loiras rebolavam, um negão remexia e outros cinco faziam o som, diariamente, nine to five. Eu, plantado embaixo do sol, tive como melhor amigo nessa viagem meu discman, que rodava sem parar o S&M, que o Metallica havia lançado fazia uns meses.<br /><br />Uns dois anos depois, voltei à Bahia para o glorioso rito de passagem do jovem paulistano rumo ao mundo dos homens: a semana do colégio em Porto Seguro. Nesta época, ainda ouvia muito rock pesado, mas não só compareci a todos os eventos musicais da semana (desconsidere o fato de que música não era, não é, nem nunca será, o principal atrativo numa viagem deste tipo) como me lembro de ter me divertido muito nos shows da Ivete Sangalo, Harmonia do Samba e outros do gênero. O que aconteceu naquela semana foi algo muito simples: eu me tornei água.<br /><br />Nascido num hospital chinês em São Franscico, Califórnia, Bruce Lee talvez tenha sido o maior lutador da história. Seus golpes e gritos conquistaram Oriente e Ocidente em iguais proporções. No auge de sua carreira, o velho rival de Chuck norris concedeu uma entrevista (que depois virou até propaganda da BMW), na qual deu dicas pseudo-filosóficas a seus seguidores: </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"><br /><em>Empty your mind, be formless. Shapeless, like water. If you put water into a bottle, it becomes the bottle. You put it in a teapot it becomes the teapot. Now, water can flow or it can crash. Be water my friend.</em> </div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"><br />Mesmo não sendo fã das trilhas sonoras de seus filmes, muito menos de música popular chinesa (até mesmo pelo fato de não saber identificar uma), reconheço neste particular ensinamento do mestre uma valiosa dica aos extremistas musicais. Já tendo feito parte do Taliban sonoro, faço um balanço não tão positivo de minha militância no grupo do “tira essa merda!”.<br /><br />Claro que ainda luto contra alguns fenômenos musicais que só a rica miscigenação cultural brasileira é capaz de formar, mas percebo que a minha luta agora é mais “agora não é o clima” do que “prefiro ter uma agulha atravessada no meu tímpano durante toda a eternidade”.<br /><br />Não que você deva vibrar com tudo o que o mercado vomita em cima de você, mas, para manter sua própria sanidade, tente educar o ouvido a pelo menos aceitar outros sons. Se você é roqueiro, comece com o Blues, virá então o folk e, quando você perceber, estará num churrasco ouvindo Leandro & Leonardo sem tentar o suicídio com o espeto de linguiça. Se a sua é o reggae, experimente o dub. Quando você perceber, já estará dançandinho um eletrônico na balada. Fazendo isso, você fará a música trabalhar para seus nervos, e nunca contra eles.</div><div align="justify"><br /><br />Lembre-se, a música é sua amiga, inventaram-na para te divertir. Seja água, meu amigo. Ou morra com um discman na orelha. </div>Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-63028565903794281542007-04-15T13:29:00.001-03:002009-08-18T17:02:32.354-03:00Cavacos, assadeiras e distorçõesVisualize a seguinte imagem:<br /><br /><br />É uma tiazinha, mulata, descalça no azulejo azul piscina, de costas pra você. Em meio aos baldes coloridos e trapos desbotados ela esfrega qualquer coisa no tanque de roupa de plastico branco de base de cimento. A cândida de todo dia desgasta apintura rosa das unhas do pé. Pé direito no chão e o esquerdo apoiado no peito do direito, às vezes coça a batata da perna, às vezes só descansa. Calça jeans azul escura dobrada até o meio da canela e camiseta do Maluf-88. Esfregando e cantado o que sai do radinho CCE. Quando não sabe a letra, murmura, pra no refrão soltar a voz. Entra luz da tarde pela janela do apartamento...<br /><br /><br />Se vc é um classe média e nasceu entre 1980 e 1985, vai lembra dessa cena ou de uma parecida no seu cotidiano infanto-juvenil. É a Jurema, a Ana, a Cida cuidando dos afazeres domésticos enquanto seus pais ganham o suado pão de cada dia na firma.<br /><br />E, se vc é da minha época, vai se lembrar de um dos três refrões saindo do radinho dela:<br /><br />1 - "Você jogou foraaaaa, o amor que eu te deeeei, o sonho que sonheeei, isso nao se faaaaz..."<br /><br />2 - "Adocica meu amô, adocica. Adocica meu amô a minha vidaôôô..."<br /><br />3 - "Vou choráááár, desculpe mas eu vou chorar, na hora em que você ligar..."<br /><br />Seja Raça Negra, Beto Barbosa ou Leandro & Leonardo, você conhece bem a cena que ilustra esse post. Agora, como é de costume nesse blog, caminhemos 13 mil km pro lado de lá, na longínqua Helsinki, pra ver como o negócio acontecia.<br /><br /><br />A primeira diferença é que lá, eu (que na primeira imagem era só um personagem secundário em busca de um danoninho durante o intervalo da sessão da tarde) sou o personagem principal. Ao menos um deles.<br /><br />Ao contrário da colorida cena brasileira, na Finlândia a cozinha é toda branca (pra combinar com a paisagem que eu via da janela), assim como as pessoas são todas brancas (menos eu, e os outros negões) e de resto...bom, vê ai:<br /><br /><br />TABELA DE CONSTRASTES E RESPECTIVIDADES ENTRE A ICONOGRAFIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA E FINLANDESA NO UNIVERSO DOS TRABALHOS DOMÉSTICOS:<br /><br /><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-size:100%;">O que no <strong>Brasil</strong> é... _______________________________Na <strong>Finlândia</strong> é...<br /></span><br /><br /><br /></span><span style="font-size:85%;"></span><blockquote></blockquote><blockquote><span style="font-size:85%;"></span></blockquote><span style="font-size:85%;">Samba, pagode e axé______________________True Scandinavian Black Metal<br /><br />Fundo de Quintal, SPC e Gerasamba_______PainConfessor, Kaatörsnik e Excalion<br /><br />Batuque na tampa da panela_____________________ Solo de guitarra no mop<br /><br /><br />Miudinho de havaiana no tanque____Bate cabeça de avental dentro do frigorífico<br /><br /><br />Temática: amor, sexo e ciúme____Temática: adoração à Satã e sacrifício de virgens</span><br /><span style="font-size:85%;"><br /><br />Radinho de pilha CCE _____________________________Nokia com MP3 player<br /></span><br /><br />A salvação dos meus ouvidos era que, no reduto das louças sujas, quase sempre quem mandavam eram os africanos. Então quando eu chegava cedinho e via um <a href="http://www.youtube.com/watch?v=2XpJPA-YEeo">negão</a> carregando a louça, era quase garantia de música boa. À revelia dos nórdicos, eles levavam um sonzinho e colocavam atrás das máquinas de lavar, na malandragem. Sintonizavam "Groove FM" e já era. James Brown, Stevie Wonder e Herbie Hancock o dia inteiro. Como nada é perfeito, ás vezes rolava Shakira, para alegria do pessoal do baixo Nilo. Nos 5 meses que esfreguei pratos, 2 vezes escutei música brasileira: Umbabarauma e uma do Sérgio Mendes.<br /><br />Depois de uns bons meses de louça lavada, e muito conhecimento adquirido em Nordic Black Metal, entrei na moda e comprei o meu Nokia com MP3. Acabando de vez com a era metal escandinavo nos meus sofridos tímpanos...<br /><br /><br /><br />ps: Estou na Espanha faz uns 2 meses já. Esse post foi um arrotado depois de lenta digestão.Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-1168451340431618932007-01-10T15:47:00.001-02:002009-08-18T17:04:35.015-03:00Crônica da cozinha: romance Ítalo-Finlandês<p><br /><strong>Rinaldo</strong> - cozinheiro nascido em Roma, 45, cabelo acaju com gel até as raízes, cavanhaque, corrente de ouro e camisa aberta. Como muitos por aqui, migrou por causa da patroa Finlandesa, que conheceu num cruzeiro. Já não sendo mais ela a patroa, passa o dia entre panelas, fogões e comentários indecorosos sobre as clientes do restaurante.<br /><strong>Yula -</strong> Repositora Finlandesa de Savonlinna, 25, branca bem branca, morena e pequena, olhos claros e baixos. Avental largo, mas que contorna. Estuda gastronomia e trabalha em uma das milhões de cozinhas industriais que servem os trabalhadores finlandeses todos os dias. Atenta a talheres, pratos e copos. E, quando estes se mostram abundantes, peitorais masculinos.<br /><strong>Eu -</strong> dishwasher, kitchen helper e narrador.</p><p>..................................O FLERTE</p><p><br />Em pé, Rinaldo e eu descascávamos ovos cozidos na bancada da cozinha. Eram 8 da manhã e o almoço estava quase pronto. A água em que os ovos foram deixados de molho no dia anterior estava morna, não quente, e por isso a casca insistia. Rinaldo queria os ovos como gosta de suas mulheres, roliços. Assim, a cada pedaço do ovo perdido na luta contra a casca, perdia-se também o ovo, que ia de uma só vez sem sal ou azeite para a boca de Rinaldo. No oitavo ovo, e com o cavanhaque amarelado pela gema, Yula passa no corredor com uma bandeja cheia de canecas brancas de plástico. Rinaldo me cutuca com o cotovelo mais ou menos na altura do baço, e diz, mais alto do que deveria: </p><p><br />-<em> Una bella ragazza this gérl, hãn?</em> </p><p><br />Além do fato de facilmente perder a concentração de seus afazeres gastronômicos diante de um rebolado, Rinaldo possui outras duas características marcantes: um ódio mortal da culinária finlandesa e completa falta de discrição. Minutos após termos recrutado o head chef do restaurante, Kai, para batalha dos ovos, Rinaldo, sem tirar os olhos do inimigo, diz:</p><p><br />-<em>Fernaando, anyone can be a chef in Finlandê, even litou kids...Everything comes rêdy in the boxes, all that you have tu du is puti it in the oven. In Rooma, iti takes faive haours to make a pomodoro sauce...Besideses, all taste like babies food, don´t you think? That is why i always cook a litou biti for myself...</em> </p><p><br />Sou salvo pela jovem Yula, de volta do salão segurando a bandeja vazia. Sem os copos, a garota tem um andar mais leve e solto. Ao passar, levanta os olhos e os aponta para nós, rapida e discretamente. Desta vez, Rinaldo acompanha de corpo inteiro o passar da moça, e termina de costas para a bancada, apoiado na sola de um pé e na ponta do outro.</p><p><br />-<em>Mamma mia...beautifol...</em> </p><p><br />E outro ovo vai à boca. </p><p><br />...................A ABORDAGEM </p><p> </p><p><span style="font-size:85%;">N do N.: (11 e meia da manhã é o inferno do dishwasher. Todos estão almoçando menos você, mas o cheiro vem. E, pra quem acordou as 5 e meia e enfrentou neve e escuridão pra chegar no trabalho, vem forte. No entanto, o mais perto que você chega de comida são os restos. Misturados com gurdanapo, prato principal com sobremesa. Sobram os restos. É quando restam apenas duas opções: ativar o modo "Nascido para lavar" ou pedir as contas. Vale tudo, raspar prato de maionese com a mão (nua, luva só tem até tamanho 7), mergulhar o braço até o cotovelo pra desentupir o ralo, sprint em chão molhado carregando pilhas de um metro de pratos, mais molhados ainda, até o carrinho e por aí vai. E foi nas exatas 11h e 37, que eu vi).</span></p><p> </p><p>Correndo para repor os garfos que se esvaem a cada segundo, Yula carrega 3 bandejas ao mesmo tempo em direção ao salão. Mesmo visivelmente apressada, não perde sua sutileza nórdica ao andar. O movimento de seu rabo de cavalo varia dos 20ºW aos 20ºE. O encontro se dá na porta que divide a cozinha do salão, uma porta de cozinha industrial, como as de Saloon de Velho Oeste. Yula de cá. Rinaldo de lá, voltava do salão para repôr o ensopado com carne de soja. Ela chega à porta antes. Vira-se de costas para empurrá-la, pois tem as mãos ocupadas por 265 garfos limpos, secos e quentes. Vira-se pouco antes de poder notar, pela janela retangular da porta, Rinaldo vindo com uma bandeja suja e vazia na mão direita. O romano, sempre atento à tudo que possa levá-lo a lençóis alheios, puxa a porta no exato momento anterior ao toque do quadril de Yula na madeira, fazendo com que o movimento se dê no vazio. Sagaz, matreiro e imperceptível, Rinaldo substitui o branco da madeira pelo branco de seu uniforme antes que a inocente Yula se dê conta, e provoca o choque tímido, lento e quente dos quadris da repositora de talheres em seu alvo avental. A garota levanta, novamente, os olhos em direção ao cozinheiro e esboça um sorriso:</p><p><br /><em>-Kiitos paljon.<br />-Ole hyvä, helmi...</em> </p><p><br /><span style="font-size:85%;">N. do N.: Neste momento, cometo uma das falhas mais mortais do dishwashing e aponto o forte esguicho d'água para uma superfície côncava. O erro faz com que o creme do ensopado (antes condensado na concha atingida pelo esguicho) me atinja no olho, turvando a cena com pedaços de cebola, tomate e pimentão, tornando-a assim inacaba.</span> </p><p><br />...................A CONSUMAÇÃO</p><p>Com o dever parcialmente cumprido, ás 13h e 30 a equipe da cozinha ataca, religiosa, pontual e unanimamente, o que a força de trabalho finlandesa os poupou. Sentados nos 4 diferentes nichos (senhoras finlandesas semi-mudas; jovens aprendizes; chefes de cozinha e imigrantes/refugiados políticos/dishwashers), todos apreciam os frutos da labuta. Desfalcado de Rinaldo, que ainda não saíra da cozinha, converso sobre futebol com Amir, o dishwasher master da Somália. Enquanto degluto a massa disforme e cheia dos temperos que coloco pra lembrar de casa, observo os finlandeses em seus hábitos alimentares. Um por um, noto as semelhanças e diferenças no passar de pão no molho, utilização de talheres e etc. Noto também que Yula não está no nicho jovens aprendizes, como de costume. Procuro-a nas senhoras, nada, nos chefes de cozinha, nada. A última mesa ocupada é a minha, por mim e Amir. E só. Do meio do salão, torço o pescoço para tentar ver o interior da cozinha por detrás do vidro esfumaçado. Nem sinal dos dois. Ao que Amir comparava o fiasco da seleção de 82 com o de 06, resolvo, já estufado pelo ensopado de carne de soja, pegar um café, preparando-me para enfrentar o que no mundo do dishwashing é considerado a subida da Brigadeiro na corrida de São Silvestre: as panelas e utensílios de cozinha. No momento em que pesco cubos de açúcar que nada adoçam para colocar no meu café que não me deixa acordado, ouço a porta de madeira se abrir, e dela vejo sair Rinaldo, olhando para um lado e andando para o outro. O cozinheiro contorna o setor de saladas, pães e chega até o café onde termino de encher minha caneca. O barulho da porta vem de novo, dessa vez mostrando Yula deixando a cozinha e já pegando uma bandeja para si, rápida. Rinaldo, segurando apenas um prato de Fettucine a Bolonhesa, sem bandeja ou bebida, se aproxima e me cutuca com o cotovelo do braço que segura 6 fatias de pão, mais ou menos na altura do baço:</p><p> </p><p><em>- Ecco Fernando, Finnish food is not that bad.</em></p><p> </p><p>E solta uma gargalhada italiana. Bem mais alto do que deveria.<br /></p>Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-1165954980586575952006-12-12T18:19:00.001-02:002009-08-18T17:08:55.426-03:00Ctrl+S - Estudo de casoNosso herói latino tentando, em vão, salvar mais um gringo do abismo social.<br /><br />Background para entender a cena: Chris mora no mesmo andar e divide corredor comigo. Já perdi pra ele no poquêr, já ganhei dele no futebol, já dividimos táxi voltando da balada...<br /><br /><strong>Eu</strong> (do lado do alemão, que agora além de vizinho no prédio, é no banco do ônibus): <em>Fala Chris, tudo certo? </em><br /><br /><strong>Alemão</strong> (mais sem graca que chucrute): <em>Sim...</em><br /><br /><strong>Eu</strong>(tentando de novo): <em>Frio nesse país heim? Na Alemanha é assim também? </em><br /><em></em><br /><strong>Alemão</strong>(chucrutando): <em>Não...</em><br /><br /><strong>Eu</strong>(insistente): <em>Perguntei por que vou passar o ano novo em Hamburgo...</em><br /><em></em><br /><strong>Alemão</strong>(só no chucrute): <em>Hum...</em><br /><br />Mais algumas tentativas e mandei o "Sou Brasileiro e não desisto nunca" às favas. Voltei pra insuperável 51a página de <em>On the Road</em> mandando o maldito Bávaro à merda. 30 intermináveis minutos de semáforos, paradas e silêncio ate o nosso ponto. Eu fingindo ler e pensando no diálogo passado e nas tantas vezes que já tinha feito qualquer coisa com o sujeito. Descemos e comecamos a andar lado a lado até o prédio. Ficou insuportável a quietude e, já no corredo, antes de abrir minha porta, tentei de novo:<br /><br /><strong>Eu</strong> (é agora ou nunca, pra cima deles Brasil!): <em>Ei, Chris, você mora perto de Hamburgo, cara? Talvez a gente possa se encontrar no ano novo...</em><br /><br /><strong>Alemão:</strong><em> Eu sou de Hamburgo.</em><br /><br /><br />É, o filho da puta do alemão não era Bávaro.Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-1165954643021221452006-12-12T18:16:00.001-02:002009-08-18T17:11:04.801-03:00Ctrl+SConhecer gente é complicado. Quanto mais no comeco mais foda é. No primeiro minuto do processo de transformar um desconhecido num conhecido (pra talvez depois transformar em amigo) qualquer deslize social, comentário ingênuo sobre a irmã ou casca de feijão grudada no centroavante pode colocar tudo a perder.<br /><br />Depois de uma semana, pelo menos entre os daqui debaixo do Equador, é de bom tom permitir piadas sobre o nariz torto ou o andar esquisito. Em um ano, só não vale pasar a mão na bunda (ou vale, cada um é cada um).<br /><br />Desde que mantenha-se uma regra básica no RPG de se conhecer gente: salvar o jogo.<br /><br />Como é de conhecimento geral, traquejo social não é muito a cara dos gringos. Então, pra arrancar alguma coisa além do cordial de algum europeu precisa-se de muita paciência, malemolência baiana e gingado latino. No meu caso, aqui na Finlândia, poss falar que salvei um estoniano, um irlandês e um do Nebraska. E foi só. Tentei pegar mais uns e outros, mas eles tem essa mania de comecar o jogo sempre da primeira fase.<br /><br />Você passa o dia inteiro com a figura. Vai jogar bola, almoca, joga pôquer e depois pega balada. Volta pra casa pensando que, pelo menos naquele mundo, você já coletou algumas armaduras, encantos e espadas mágicas. Mas, no outro dia, quando vai dar o Load, percebe que tudo oq foi conquistado à duras penas se perdeu no desencontro. O tapinha nas suas costas e a gargalhada que o cara deu, no fim da noite anterior ficaram na memória (que já não ajuda, prejudicada pelo álcool) e deram lugar à distanteza, a frieza nórdica e ao Celso Fred com as máscaras sociais.<br /><br />Às vezes, no dia seguinte, fica só o nome. Mas como diria o Mano Brown, rapaz latino-americano apoiado por mais de 50 mil manos, "O nome é só um detalhe, o nome é só um nome".<br /><br />Salvem o jogo, gringos. É chique, tendência e, pelo menos nos trópicos, tá usando...Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-1165525876233249862006-12-07T19:08:00.001-02:002009-08-18T17:14:56.727-03:00Day tripperNão me pergunte como, mas consegui um Eurailpass com 4 viagens livres e um RG original por 15 euros.<br /><br />Com o Eurailpass é beleza: pensa que vc é o Sonic e está passeando numa fase nova. De repente, você encontra duas TVzinhas, uma com a bota vermelha, e outra com as estrelinhas. Pronto, agora é só sair correndo (se vc jogava Mario Bros, problema é teu).<br /><br />Primeia parada, 9 da manhã de sexta: Tampere, 300 kms ao norte de Helsinki, conhecida como "Manchester Finlandesa" pela sua ínumera quantidade de fábricas imensas de tijolos vermelhos. Riachos e chaminés cortam a cidade inteira nas 3 dimensões e tudo na cidade, tirando as áreas residenciais, está debaixo, em cima ou ao lado das antigas fábricas, inclusive um complexo de museus no qual, por módicos 4 euros você compra o pacote "perna pra que te quero, meu trem é só daqui a 6 horas" e vê exposição do Fabergé, Museu do Ice hockey, Museu do sapato, museus das roupas, museu de capas de disco (delícia, só lá foram 2 horas) e etc. Por mais 4 euros, você ainda pega o museu da espionagem (007 e Inspetor Bugiganga ficaram no chinelo). À noite, showzinho de funk na praça com direito a mãos congelantes. Kebab delícia por 4 euros (extravagância em tempos de EUROSHOPER, mas blz) e fim do dia.<br /><br />1 da madruga de sábado, é sebo nas canelas.7 da manhão do sábado, Oulu, 200 kms ao sul do Polar Ártico e 800 de Helsinki. Sem banho e mal-dormido, estreeei meu par de luvas e o gorrinho branco da mamãe. A dita capital Universitária da Finlândia, com sua noite efervescente e bares convidativos estava de ressaca. A primeira pessoa que vi na rua foi só às 15 pras 8 (a primeira que falava inglês, 8 e meia). Nada de muito novo, casinhas mil, velinhas mil, silêncio mil euma paisagem fudida. Mas nada, nada, nada pra fazer além de tirar fotos. Até que chego na pracinha central e descubro que é "Dia do pobre" em Oulu! Eu que achava que nao tinha pobre na Finlândia me senti no Largo da Batata, só faltou o Frank Aguiar no talo.Como de costume, o faro estava bom pra mamatas, e logo me enfiei na fila da sopa de ervilha com salmão. Depois na de vinho. Depois na da cesta básica. Depois na da outra cesta básica. E, pra comemorar a festa, na do vinho de novo. É amigo, pobre que é pobre entra em fila de Sopão até na Escandinávia. Como a cidade estava mais <a href="http://www.youtube.com/watch?v=c0tRwiOHYEU">morta</a> que este blog, e como minha cesta básica estava repleta de perecíveis (almôndegas e salsichas), resolvi salvar minhas proteínas e vazar de volta pro calor de Helsinki, aonde finquei pé às 11 da noite. 8 da manhã de domingo, na rua de novo.<br /><br />Dessa vez era pra Savonlinna, 300 a nordeste de Helsinki. A cidade é menor que Oulu, mais morta que Oulu, mas diz que tem o tal do Olavinlinna, um dos mais bem preservados castelos medievais da Escandinávia. Aterrisso ao meio-dia e volto a rotina: olha o mapa, anda, acha, olha, tira foto, olha o mapa, pergunta, anda, acha...até que, no meio das casinhas, riachos mil e árvores de 3 cores, me aparece um lago com uma ilha no meio e na Ilha, um castelo tão absurdo, mais tão absurdo que fazia barulho. Eu era o único turista no dia, então ganhei uma visita íntima. Sala dos canhões, sala do tesouro, masmorra...e eu pirando, vendo todos os filmes de Excalibur, Robih Hood e William Wallace passando na minha frente, misturado com o "Conhecer por Dentro - era Medieval" da infância.Depois do castelo, tinha dado pra mim.<br /><br />Voltei pra estação pra pegar o trem pra helsinki e claro que tinha perdido o maldito. Mas, nessa altura do campeonato, não fazia mais diferença. Comprei uma Pringles e uma Pepsi (que desceu como champagne) e esperei duas horas pelo próximo trem, assando a bunda no frio. Feliz.<br /><br /><a href="http://www.youtube.com/watch?v=c0tRwiOHYEU"></a>Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-1162398174441340242006-11-01T12:26:00.001-03:002009-08-18T17:15:46.723-03:00Letônia e Estônia, não necessariamente nesta mesma ordem.Fui pros "países bálticos" outro dia, só esqueci da Lituânia pq era muito longe. Desci de barco pra Estônia depois cruzei pra Letônia de ônibus. E vice-versa.<br /><br />Sabe nas fronteiras do Brasil com outros países, na fronteira mesmo, tipo de cruzar a rua, que o pessoal fala mais espanhol que português e parece mais chicano que brasileiro? Por aqui tb tem disso. Um bando de gente por aqui é meio finlandês-meio estoniano. O ferry boat Helsinki (FIN) e Tallin (EST) é como a ponte da amizade. É só passar pro lado de lá que a muamba rola solta. Mas aqui o negócio não é blusa de "couro", sudoku e canivete "suíço". O negócio aqui é cana.<br /><br />A economia da Estônia vive da exportação de insumos fundamentais na sociedade finlandesa: cerveja de alto teor alcólico, vodka de altíssimo teor alcólico e velhas (continuo na ascensão do teor alcólico). Claro que também tem os derivados, como cigarro vagabundo e máquina de caça-níquel.<br /><br />A polícia estoniana bem que poderia dar um passaporte da alegria do playcenter ao invés de carimbar o passaporte dos velhos finlandeses. É mais fácil entrar lá sem visto do que escapar da velharada etilizada. A combinação vodka 80%, tabaco, luzes de caça níquel e balanço do Ferry causa uma catarse coletiva nas velinhas. "Brasilialainen! Brasilialainen!" Elas gritavam, enquanto se juntavam para bater uma foto comigo, depois de descobrirem sei lá como minha humilde origem sul-americana.<br /><br />Tallin é metade século 13, metade século 21, enquanto que Helsinki parece quase toda século 20. Tem mais mulher bonita (oq parecia impossível) e paisagens fudidas tanto quanto. Top 3 Tallin (sem ordem alguma): Cervejaria do século 13, onde o alce e o coelho entraram no espeto - muralhas da Cidade Velha, onde passei o maior frio da vida - porão do Kari (nosso guia) com sauna e lareira de sei lá qts anos atrás.<br /><br />Riga, na Letônia, dá medo. O primeiro contato com um letoniano foi no ônibus. Adam, o americano, estava sentado de lado no ônibus enquanto o guarda da fronteira passava com os passaportes. Não deu outra: coturnada na perna sem avisar, dó ou piedade. Foi assim que eu meio que comecei a ter uma idéia dos dois países: são iguais, mas na Estônia tem mais Finlândia (ocidente) e na Letônia, mais USSR. A duas tem os milhões de predinhos idênticos e cinzas da época do Lenin, mas a Estônia tem mais vida. A Letônia ganha no potencial, mas ainda precisa de umas décadas pra relaxar um pouco.<br /><br />Em Riga tem pobre na rua, mas as ruas são lindas. Tem as mulheres mais bonitas do mundo até agora(oq parecia duas vezes impossível, depois da Estônia) mas quase todas fazem cara de "estou com meu namorado e ele é gangstêr". Segundo estatísticas do governo Letoniano, 85% das mulheres do país já atuaram como Bond girls.<br /><br />A atuação da polícia Letoniana faz o Massacre do Carandiru parecer visita do Papa. Vi, por algumas vezes, caras serem arrastados pelo pescoço. Fui no largo da Batata Letoniano, no mercadão municipal Letoniano e, surpresa: é igual ao daqui! Tem moleque de 8 anos fumando na rua e batendo carteira, velha vendendo especiarias e todo o tipo de comércio semi-legal. Mas, de repente, chega uma Maseratti com um cara de óculos escuros (em pleno breu noturno) e meio pote de gel no cabelo acompanhado por uma Bond girl, desce do carro, compra meio quilo de cebola e vai embora.<br /><br />No outro lado da parede do nosso hostel, ainda em Riga, tinha o Mademoseille, um "whisky bar". Na porta do "whisky bar" tinha um russo distribuindo flyer de algumas mulheres que frequentam o "whisky bar", parecia que a moda lá era usar poca roupa. O porteiro russo do "whisky bar" se enturmou com a gente, indicou lugares turísticos e tal. Na hora de irmos, veio apertar minha mão, e eis que se passou um dos diálogos mais desafiadores da minha vida:<br /><br />EU (dando a mao pro russo e sorrindo, mas já querendo ir embora) - Okay man, so maybe after the party we´re gonna show up, kay?<br /><br />RUSSO (dando a mão pra mim e sorrindo) - <em>kay, have fun. Respect!</em><br /><br />EU (tentando soltar a mão do russo e parando de sorrir) - <em>Take care, man...</em><br /><br />RUSSO (apertando minha mão e fechando a cara) - <em>Respect!</em><br /><br />EU (começando a ficar desesperado) - <em>See you soon...</em><br /><br />RUSSO (gritando e olhando no preto do meu olho) - <em>RESPECT!</em><br /><br />EU (entendendo que "Respect" é a saudação de porteiros russos de puteiro estoniano) - <em>RESPECT!</em><br /><em></em><br /><br />Aí ele soltou a minha mão e eu me libertei, aliviado. Choque cultural pesado.Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com83tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-1162394671928232032006-11-01T12:07:00.001-03:002009-08-18T17:16:45.878-03:00STATUS 2 (em tópicos que é mais rápido)Estou voltando pro blog. Com muito acumulado e ainda sem saco de escrever.<br /><br />Estou lavando pratos, empurrando amplificadores e desmontando palcos.<br /><br />Está nevando. Muito.<br /><br />Estou cursando Cinema Gay, mas parei o Finlândes.<br /><br />Comi carne de urso, rena e alce.<br /><br />Tô com saudade de muita coisa e gente.<br /><br />Visitei um castelo medieval.<br /><br />Posso contar até quanto eu quiser em Finlandês.<br /><br />Fiquei só de toalha nos -4, esfumaçando depois da sauna.<br /><br />Fui pra Letônia e pra Estônia. E um não tem nada a ver com o outro.<br /><br />Lavo roupa, passo e cozinho. Mal, mas faço.<br /><br />Estudei futebol finlandês.<br /><br />Quero morar na Espanha, numa cama grande.<br /><br />Quero voltar pro Brasil, mas não agora.<br /><br />Acabaram minhas cuecas, estou reciclando.<br /><br />Fui no show do Beck.<br /><br />Perdi o do James Brown.<br /><br />Queria saber de mais pessoas no Brasil, mas por outro lado, tb é bom ficar sem saber nada.<br /><br />No final do mês vou pra Lapônia.<br /><br /><br /><br /><br />Dona Helena, os gorrinhos só vão durar mais um mês...mas estão servindo bem por enquanto.<br /><br />Vou bem.Fecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6994338.post-1160412191503979082006-10-09T13:40:00.000-03:002006-10-09T13:43:11.523-03:00DESCULPAS ESFARRAPADASDEVO ME DESCULPAR COM TODOS OS FÃS POIS, POR PURA PREMISSA DE TEMPO, ESTE BLOG ESTÁ MAIS DESATUALIZADO QUE XXXXXXXX(INSIRA SUA PRÓPRIA PIADA, TO SEM TEMPO MESMO).<br /><br />EM BREVE VOLTAREI COM O DAY TRIPPER (NA VERDADE FORAM 3 DAYS TRIPPER, SEM BANHO, NO MELHOR ESTILO JUCA 02) E A FESTA BRASILEIRA, EVENTO MAIS ESPERADO DE HELSINKI, REGADO A MUITO SAMBA E CAIPIRINHA.<br /><br />NÃO ME ABANDONEM, VOLTAREI EM BREVE.<br /><br />FERNANDOFecespedeshttp://www.blogger.com/profile/00136363235631697370noreply@blogger.com15