7 de dez. de 2006

Day tripper

Não me pergunte como, mas consegui um Eurailpass com 4 viagens livres e um RG original por 15 euros.

Com o Eurailpass é beleza: pensa que vc é o Sonic e está passeando numa fase nova. De repente, você encontra duas TVzinhas, uma com a bota vermelha, e outra com as estrelinhas. Pronto, agora é só sair correndo (se vc jogava Mario Bros, problema é teu).

Primeia parada, 9 da manhã de sexta: Tampere, 300 kms ao norte de Helsinki, conhecida como "Manchester Finlandesa" pela sua ínumera quantidade de fábricas imensas de tijolos vermelhos. Riachos e chaminés cortam a cidade inteira nas 3 dimensões e tudo na cidade, tirando as áreas residenciais, está debaixo, em cima ou ao lado das antigas fábricas, inclusive um complexo de museus no qual, por módicos 4 euros você compra o pacote "perna pra que te quero, meu trem é só daqui a 6 horas" e vê exposição do Fabergé, Museu do Ice hockey, Museu do sapato, museus das roupas, museu de capas de disco (delícia, só lá foram 2 horas) e etc. Por mais 4 euros, você ainda pega o museu da espionagem (007 e Inspetor Bugiganga ficaram no chinelo). À noite, showzinho de funk na praça com direito a mãos congelantes. Kebab delícia por 4 euros (extravagância em tempos de EUROSHOPER, mas blz) e fim do dia.

1 da madruga de sábado, é sebo nas canelas.7 da manhão do sábado, Oulu, 200 kms ao sul do Polar Ártico e 800 de Helsinki. Sem banho e mal-dormido, estreeei meu par de luvas e o gorrinho branco da mamãe. A dita capital Universitária da Finlândia, com sua noite efervescente e bares convidativos estava de ressaca. A primeira pessoa que vi na rua foi só às 15 pras 8 (a primeira que falava inglês, 8 e meia). Nada de muito novo, casinhas mil, velinhas mil, silêncio mil euma paisagem fudida. Mas nada, nada, nada pra fazer além de tirar fotos. Até que chego na pracinha central e descubro que é "Dia do pobre" em Oulu! Eu que achava que nao tinha pobre na Finlândia me senti no Largo da Batata, só faltou o Frank Aguiar no talo.Como de costume, o faro estava bom pra mamatas, e logo me enfiei na fila da sopa de ervilha com salmão. Depois na de vinho. Depois na da cesta básica. Depois na da outra cesta básica. E, pra comemorar a festa, na do vinho de novo. É amigo, pobre que é pobre entra em fila de Sopão até na Escandinávia. Como a cidade estava mais morta que este blog, e como minha cesta básica estava repleta de perecíveis (almôndegas e salsichas), resolvi salvar minhas proteínas e vazar de volta pro calor de Helsinki, aonde finquei pé às 11 da noite. 8 da manhã de domingo, na rua de novo.

Dessa vez era pra Savonlinna, 300 a nordeste de Helsinki. A cidade é menor que Oulu, mais morta que Oulu, mas diz que tem o tal do Olavinlinna, um dos mais bem preservados castelos medievais da Escandinávia. Aterrisso ao meio-dia e volto a rotina: olha o mapa, anda, acha, olha, tira foto, olha o mapa, pergunta, anda, acha...até que, no meio das casinhas, riachos mil e árvores de 3 cores, me aparece um lago com uma ilha no meio e na Ilha, um castelo tão absurdo, mais tão absurdo que fazia barulho. Eu era o único turista no dia, então ganhei uma visita íntima. Sala dos canhões, sala do tesouro, masmorra...e eu pirando, vendo todos os filmes de Excalibur, Robih Hood e William Wallace passando na minha frente, misturado com o "Conhecer por Dentro - era Medieval" da infância.Depois do castelo, tinha dado pra mim.

Voltei pra estação pra pegar o trem pra helsinki e claro que tinha perdido o maldito. Mas, nessa altura do campeonato, não fazia mais diferença. Comprei uma Pringles e uma Pepsi (que desceu como champagne) e esperei duas horas pelo próximo trem, assando a bunda no frio. Feliz.

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