6 de fev. de 2010

Só os rock stars são felizes

Radiohead, Stones, Nine Inch Nails, Kiss, Jane's Addiciton, Nação Zumbi, Kings of Leon, Ultraje, Strokes, Chuck Berry, Smashing Pumpkins, Deep Purple, Motorhead, Green Day, Pato Fu, Slayer, Pearl Jam, Beck, Misfits, Planet Hemp, Sepultura, Oasis, Guns, Iron Maiden, Queens of the Stone Age, Chilli Peppers, Mutantes, Offspring, Ozzy, Dio, Judas Priest, Bad Religion e outras bandas que vi não compensam as que ainda não vi e muito menos as que nunca verei.

Hoje escuto também outros sons que, ao vivo, pouco tem a ver com um show de rock. E o fato de eu ter aberto os ouvidos (e, por pura matemática, esteja escutando um pouco menos de rock hoje em dia) faz dos shows algo ainda mais genial pra mim, já que adicionou um saudosismo à receita.

Nos últimos 3 meses, 3 grandes show: Faith No More, AC/DC e Metallica. Cada ingresso foi parar na lata de Chivas 12, ao lado dos trocentos outros desde o primeiro, Bush, em 1997. Se eu fosse alguns anos mais velho (ou começasse no rock mais cedo), teria pego a era dos festivais no Brasil, Monsters, Free Jazz. Como não deu, corro atrás do prejuízo.

Um bom show de rock tem uma série de rituais a serem cumpridos. Começa dias antes, ouvindo de novo tudo o que presta da banda (e, às vezes, também o que não presta, pra ver se bate melhor nos ouvidos), acompanhar o set list dos outros shows da turnê, a infernal saga pelo ingresso, combinar com os amigos, por aí vai.

Até que o dia chega e ele começa como outro qualquer, você acorda (nota: o bom show de rock é no fim de semana), lê o jornal ou toma café como em qualquer outro fim de semana. Nem escutar a banda muda o clima comum do dia, já que você fez isso milhões de outras vezes. A coisa só muda quando você pisa na rua em direção ao show e vê a primeiro camiseta da banda, o primeiro carro passando com o som no talo, aí então você sabe o que está por vir.

A agonia de quem não tem ingresso provocada por quem tem pra vender faz você bater a mão no bolso. A última cerveja na porta. Na fila, o ingresso apertado na mão. A passagem do som. Milhares de desconhecidos reunidos por algo que outros milhares ou milhões nunca vão entender.

Chega o momento em que as luzes se apagam e o mundo explode. E você volta a ter 17 anos no Black Jack, subindo pelas paredes ao som de algum cover do Pantera, tomando pinga no gargalo e procurando qualquer chance de desafiar a autoridade vigente.

2 ou 3 horas depois o show acaba. Você está toneladas mais leve, em paz e naquele cansaço feliz que só o sexo é também capaz de oferecer. Como depois de um bom filme, você não tem pressa de ir. E o cansaço é só uma desculpa. No fundo, quanto mais tempo você fica ali, menos passa na letargia do lado de lá dos portões. O que você quer é que as luzes se apaguem de novo e a banda volte com outra marretada na sua cabeça, outra descarga cavalar de adrenalina temperada com toques de catarse coletiva.

Como numa grande ressaca de qualquer coisa boa, seu organismo acusa o fim do estoque de endorfina. Você então devora um xis salada ou toma outras para repôr as reservas enquanto discute a utopia do set list perfeito.

Mas pouco importa se a endorfina foi a zero ou se você abriria o show com outra música. Você não tem mais 17, talvez não beba mais pinga no gargalo e o impulso de desafiar a autoridade está amansado. Mas, vez ou outra, você pode ser um rock star.

Um comentário:

Bigode disse...

Rock meninos, pro cacete do delegado.