18 de out. de 2009

Posfácio para um livro sobre o sertão

A beleza é condição que existe por si própria, não requer água tampouco sombra. De outro modo, jamais brotaria no sertão. Entre espinhos e galhos retorcidos, é possível deparar-se com o belo. Talvez não o belo ao qual estejamos habituados, fácil e frondoso, mas sim uma beleza seca, rija.

Curioso é ver que, além da beleza natural, no sertão existe também outra muito mais rara, que é a humana. Como um fio d'água no leito seco lutando para correr ininterrupto, o homem segue por onde lhe permitem, moldado por uma terra que o repele.

A caminhada deste homem é tortuosa e incerta sob o sol duro. Mas, insistente, ele não só caminha, também vive, e deixa pegadas no solo árido.

Apesar de tudo, o sertanejo canta, rima e versa, marcando o chão. Como se sobreviver já não fosse suficientemente belo.


Posfácio da versão patrocinada de Sertão sem fim, livro de fotos do Araquém Alcântara.

3 comentários:

Natalia disse...

é teu isso?

a intro tem td a ver com meu tcc! hahahaha

Fecespedes disse...

é meu sim senhora, talvez tenha sido apropriação inconsciente...

Roberto Wolvie disse...

Se supera a cada linha esse texto.
Inveja boa.